quinta-feira, 30 de julho de 2009

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
CAMPUS SÃO JERÔNIMO – RS
Fundamentos da ação pedagógica II
Profª. : Sandra Brenner Oesterreich




DEFICIÊNCIA AUDITIVA E VISUAL



Carmem Lucia Marques
Daiane de Campos
Paulo Cesar S. da Silva
Queli Garbin
Suelen Rodrigues da Silva


INTRODUÇÃO


O presente trabalho baseia-se em pesquisas bibliográficas, abordando as deficiências auditivas e visuais; definição, características e alternativas pedagógicas no trabalho com as pessoas com tais deficiências.



1 VISÃO

A visão é um dos sentidos que nos ajuda a compreender o mundo à nossa volta ao mesmo tempo em que nos dá significado para os objetivos, conceitos e idéias.
A comunicação por meio de imagens e elementos visuais é denominada "comunicação visual".

1.1 DEFICIÊNCIA VISUAL

Deficiência visual é a perda ou redução da capacidade visual em ambos os olhos, com caráter definitivo, não sendo susceptível de ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes e/ou tratamento clínico ou cirúrgico.
De entre os deficientes visuais, podemos ainda distinguir os portadores de cegueira e os de visão subnormal (baixa visão).

1.1.1 Causas Da Deficiência Visual

• Congênitas (desde o nascimento): amaurose congênita de Leber, malformações oculares, glaucoma congênito, catarata congênita.
• Adquiridas: traumas oculares, catarata, degeneração senil de mácula, glaucoma, alterações relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes.

1.1.2 Sinais De Alerta

• Olhos vermelhos, inflamados ou lacrimejantes;
• Pálpebras inchadas ou com pus nas pestanas;
• Esfregar os olhos com frequência;
• Fechar ou tapar um dos olhos, sacode a cabeça ou estende-a para frente;
• Segura os objetos muito perto dos olhos;
• Inclina a cabeça para a frente ou para trás, pisca ou semicerra os olhos para ver os objetos que estão longe ou perto;
• Quando deixa cair objetos pequenos, precisa de tatear para os encontrar;
• Cansa-se facilmente ou distrai-se ao aplicar a vista muito tempo.

1.1.3 Alternativas Pedagógicas no Trabalho com as Pessoas com Deficiência Visual
A ação educativa vai requerer sensibilidade do educador. A criança cega tem mais semelhanças do que diferenças em relação às outras crianças, suas necessidades afetivas, intelectuais e físicas coincidem.
O professor deve buscar práticas que estimulem a criança a explorar o seu espaço próximo e distante, deve ter a paciência necessária, pois algumas aprendizagens podem ser mais demoradas. Ter energia e firmeza não pode significar desconhecer o ritmo da criança. A criança deve ser envolvida em todas as atividades da escola, como todas as outras.
Se o aluno tem visão residual, (baixa visão) deverá estimulá-lo, o que enriquecerá sua aquisição de conhecimentos por meio dos outros sentidos. O aluno deve ter possibilidade de expressar para o professor ou para o grupo o que percebe, o que sabe, o que sente. O professor pode delimitar tempo aproximado, ou um momento para as exposições de todos, ou dos que se propuserem a falar. Para o aluno cego, a oportunidade de verbalizar em grupo pode lhe permitir comparar as representações com os colegas, estabelecendo assim um maior compartilhamento de signos. Aqueles signos ou palavras não compreendidos pela pessoa cega podem ser explicados com aproximações, buscando-se relacioná-los com algo já representado por ela. Desenvolver ações para o conhecimento do corpo e do espaço são também fundamentais para a formação de conceitos posteriores.
Os professores podem auxiliar a família da pessoa cega, no sentido de evitarem a superproteção e a falta de expectativas quanto ao desempenho do sujeito. Podem informar sobre o que ele faz na escola e orientar para um melhor aproveitamento em casa. A partir da exploração das mãos em situações diferentes, de brinquedos ou discriminação tátil, veremos a estruturação para a aprendizagem da escrita e leitura em Braile.
O professor pode auxiliar na manutenção da postura correta do aluno evitando que o aluno fique balançando a cabeça. Pode sugerir que ele levante um pouco o rosto, ou que direcione o rosto para a posição da mão ou para o que está escrevendo ou desenhando. A criança cega conhece muito do mundo por meio das palavras dos outros, isto com certeza auxiliará na sua concepção e compreensão do mundo. O que você diz e como diz é fundamental na educação da criança cega. Todo o material apresentado visualmente deve ter explicações verbais para auxiliar a compreensão de quem não vê. É importante estimular a pessoa cega a aprender o método Braile. Braille é um sistema de leitura com o tato para cegos inventado pelo francês Louis Braille.

1.1.4 Louis Braille

Perdeu a visão aos três anos. Quatro anos depois, ele ingressou no Instituto de Cegos de Paris. Em 1827, então com dezoito anos, tornou-se professor desse instituto. Ao ouvir falar de um sistema de pontos e buracos inventado por um oficial para ler mensagens durante a noite em lugares onde seria perigoso acender a luz, L. Braille fez algumas adaptações no sistema de pontos em relevo.
Em 1829, publicou o seu método. O sistema Braille é um alfabeto convencional cujos caracteres se indicam por pontos em relevo, o deficiente visual distingue por meio do tato. A partir dos seis pontos salientes, é possível fazer 63 combinações que podem representar letras simples e acentuadas, pontuações, algarismos, sinais algébricos e notas musicais.
L. Braille morreu de tuberculose, em 1852, ano em que seu método foi oficialmente adotado na Europa e América.
Um cego experiente pode ler duzentas palavras por minuto.

1.1.5 Auto-Conceito do Aluno Cego

È a avaliação que a pessoa tem de si e que se forma na interação com os outros. É baseado nas próprias experiências, nas próprias percepções e nas descrições dos outros. O auto- conceito positivo revela elevada auto-estima e confiança em si mesmo; já o auto-conceito negativo seria uma perda do senso de si próprio, de como lidar com seus limites e suas possibilidades. Quando a sociedade expressa sentimentos que confirmam o outro como sujeito humano, na sua particularidade, ele forma um auto-conceito positivo. Se o negam, desenvolve-se um auto-conceito negativo.
As pessoas confirmam a existência das outras com várias atitudes, um sorriso, um aperto de mão. Da mesma forma, uma crítica, que não é totalmente gratificante, mas reconhece um fato para criticá-lo, não é indiferença. Vários alunos com deficiência visual são unânimes em afirmar que a pior coisa no seu aprendizado é o que ocorre quando são deixados de lado, não se cobra nada deles, não se espera nada deles, quando percebem que o professor não tem nenhuma expectativa em relação a eles.
No caso específico do aluno com deficiência visual, destaca se a necessidade de contato e estimulação através dos sentidos remanescentes evitando o sentimento de isolamento é necessário falar com o outro, mostrar a ele objetos, deixar que ele os toque, dizer a cor, falar de cheiros, assim como buscar avaliar o seu processo de desenvolvimento aprendizagem referenciado nas suas potencialidades e não em comparação com as pessoas que enxergam.

1.1.6 Intervenções

Muitas crianças com deficiência visual podem apresentar atitudes específicas em relação à aprendizagem da matemática. Alguns professores informam sobre crianças que contam até quantidades muito elevadas para sua idade, sem estabelecer nenhuma referência com o material concreto. apenas decoram e não estão compreendendo. A aprendizagem nesse campo se faz inicialmente a partir de situações concretas. Por exemplo: Ela entende que duas laranjas somadas com duas bananas resultam num total de quatro frutas; já, compreender que dois mais dois são quatro, sucederia esta compreensão. Assim, é necessário que ela experimente jogos ou brinquedos, por meio dos quais poderá vivenciar a inclusão em classes, a ordenação por tamanho, a adição e a subtração e a comparação entre objetos. É necessário que a criança desenvolva a noção de conservação dos conjuntos, de equivalência. É fundamental entender tais estágios para auxiliar e estimular o desenvolvimento do raciocínio lógico formal das crianças.

1.1.7 Estimulação

A escola pode ter materiais diversos que estimulem a percepção do aluno cego e também dos outros alunos, por meio de exercícios ou trabalhos comuns. O papelão grosso, a espuma, o tecido colorido, guizos, elástico, bolinhas ou contas de enfiar, pompons, ripas de madeira, chocalho, feltro de várias cores, lã, fita, latas pequenas com tampas, tampinhas de cerveja, velcro,
luvas de plástico, sabonetes pequenos, argolas grandes e pequenas, EVA (emborrachado) e vários outros materiais podem ser utilizados em atividades coletivas relacionadas aos conteúdos do dia. Como se pode perceber, a avaliação e estimulação do sistema háptico, ou tato mais sofisticado, é fundamental para a aprendizagem da criança cega.
Algumas vezes pode ser necessário que o professor guie o aluno fisicamente para o local desejado, ou para a atividade indicada. O professor pode ainda: fazer um modelo, ou demonstrar a ação ou comportamento sugerido ao aluno. Durante atividades da vida diária, o professor e os colegas podem falar sobre objetos, mostrando-os, dizendo a sua função e usos, nomeando-os. Contar e ler histórias infantis ou clássicas, conforme a condição do aluno. Explorar com encenações ou repetições adaptadas feitas pelos alunos. Reconhecer o corpo, nomear partes, observar a mão que é mais usada (lateralidade), utilizar a dança como meio.




2 DEFICIÊNCIA AUDITIVA

A deficiência auditiva, trivialmente conhecida como surdez, consiste na perda parcial ou total da capacidade de ouvir, isto é, um indivíduo que apresente um problema auditivo.
É considerado surdo todo o individuo cuja audição não é funcional no dia-a-dia, e considerado parcialmente surdo todo aquele cuja capacidade de ouvir, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.
A deficiência auditiva é uma das deficiências contempladas e integradas nas necessidades educativas especiais (n.e.e.).

2.1 TIPOS DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA


• DEFICIÊNCIA AUDITIVA CONDUTIVA:

Qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna (cóclea). A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal, mas não é estimulada pela vibração sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da intensidade do estímulo sonoro. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico.

• DEFICIÊNCIA AUDITIVA SENSÓRIO-NEURAL:

Ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Os limiares por condução óssea e por condução aérea, alterados, são aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células ciliadas da cóclea (caracol) e do nervo auditivo só pode ser feita através de métodos especiais de avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível.



• DEFICIÊNCIA AUDITIVA MISTA:

Ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea.

• DEFICIÊNCIA AUDITIVA CENTRAL, DISFUNÇÃO AUDITIVA CENTRAL OU SURDEZ CENTRAL:

Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central).

2.2 PROPOSTAS PEDAGÓGICAS

a) Libras

A LIBRA (Língua Brasileira de Sinais) tem sua origem na Língua de Sinais Francesa.
As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria língua de sinais, que sofre as influências da cultura nacional. Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que diferem de região para região (os regionalismos), o que a legitima ainda mais como língua.

Sinais - Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão os sinais:

Configuração das mãos - São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou esquerda para os canhotos), ou pelas duas mãos.
Os sinais DESCULPAR, EVITAR e IDADE, por exemplo, possuem a mesma configuração de mão (com a letra y). A diferença é que cada uma é produzida em um ponto diferente no corpo.

Ponto de articulação - É o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja, local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro.

Movimento - Os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais PENSAR e EM-PÉ não têm movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR possuem movimento.

Expressão facial e/ou corporal - As expressões faciais / corporais são de fundamental importância para o entendimento real do sinal, sendo que a entonação em Língua de Sinais é feita pela expressão facial.

Orientação/Direção - Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade.


CONCLUSÃO


Com o objetivo específico de caracterizar as alternativas pedagógicas do trabalho com alunos com deficiência visual e auditiva, compreendendo o que é a deficiência e quais as suas causas, no intuito adquirir conhecimento para proporcionar oportunidades de melhoria no desempenho e trato com crianças portadoras destes tipos de deficiência; concluímos que a função de desenvolver habilidades diante das propostas educacionais de inclusão e integração, exigirá do professor além de uma estrutura funcional na escola, interesse, flexibilidade, capacitação e muita dedicação, para proporcionar um desenvolvimento igualitário na a formação desses cidadãos portadores de necessidades.



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